domingo, 6 de novembro de 2016

Cê conhece Patativa do Assaré e Florestan Fernandes?

João de Carvalho

Este blog tem buscado acompanhar de perto as movimentações políticas e culturais por meio de escutas de canções. Em muitos casos a linguagem do RAP tem comparecido com relevo em nossas escutas. Mas devo confessar que a origem cultural deste escrivinhador é a das modas de viola, não a das agulhas e toca discos.

Conheci o nome Florestan Fernandes quando eu era aluno de Iniciação Científica e estudava literatura de cordel. Patativa do Assaré eu já conhecia de criança, com o clássico Vaca Estrela, Boi Fubá. Depois fui conhecer melhor a obra, ler os cordéis e saber sobre sua vida.




 Estes dois nomes vieram à baila por conta de mais um índice de que vivemos um estado de exceção, onde a democracia e o direito de livre pensamento e organização das pessoas vem ruindo vertiginosamente. O Lirinha vc conhece? Foi um nome que tb me chegou por volta da época em que eu fazia IC. Ele era o vocalista da banda Cordel do Fogo Encantado, importante grupo representante da cena manguebeat. Bem, assintam o vídeo com ele falando:


sábado, 5 de novembro de 2016

De Marighella e Mariana: Lembrar é resistir.

João de Carvalho

Ontem foi um dia muito importante dentro das mobilizações de resistência às atrocidades propostas pelo atual governo, ilegítimo e golpista, na cidade de Londrina. Foi nesta primeira sexta feira de novembro, dia 4 do 11 de 2016, que jovens estudantes secundaristas, que antes já haviam ocupado seus colégios, ocuparam a câmara de vereadores, e que jovens estudantes universitários de vários cursos ocuparam a reitoria da Universidade Estadual de Londrina. Enquanto isso a assembleia dos professores, na mesma tarde e instituição, decidia pelo fim da greve e pelo apoio simbólico ao movimento de ocupações dos estudantes, bem como pelo repúdio às ações autoritárias da atual reitora da universidade em relação à ocupação da Rádio UEL FM e a reintegração de posse do colégio de Aplicação. 


A ocupação da Rádio de nossa instituição nos remete instantaneamente à um episódio emblemático da história do Brasil, que foram as transmissões da Rádio Libertadora, e por conseguinte, à figura de Carlos Marighella. Ontem fez 47 anos que Carlos foi assassinado.


Na quarta feira, dia 2, pouco depois da ocupação da Rádio UEL, foi realizada a performance "Procura-se um Corpo" na praça do CECA (centro da universidade que abriga os cursos ocupados). Era dia de finados. No dia seguinte foi realizada uma assembleia de centro, sob os corpos simbólicos de mortos (não encontrados) durante a ditadura.


E se por um acaso vc ainda não assistiu ao documentário sobre nosso maior ícone guerrilheiro, segue o link: Marighella. É importante lembrar que o som dos Racionais foi composto para o filme. 

Ainda nesse clima de dia dos mortos, hoje é dia de lembrar de mais motivos para resistir lutando. Faz um ano que ocorreu o desastre em Mariana. O maior desastre ambiental de nosso país, matando o Rio Doce. Uma tragédia que mostra e tenciona o quanto conseguimos ampliar nossa compreensão sobre o quais são os motivos que nos mobilizam e nos agregam em luta.



É claro que as ocupações não possuem relação direta com o crime ambiental cometido pela Samarco/Vale. Mas uma vez que as ocupações também não obedecem à lógica sindical, de pautas trabalhistas e objetivas, é de fundamental importância percebermos como todo este movimento de resistência tem relação com o enfrentamento ao golpe em sua existência mais horizontal, que é a mentalidade fascista/religiosa que se expande.

Lembrar das mortes de Mariana, fazer parte do coro dos que clamam por justiça, expandir a consciência sobre este incidente, o que passa por ampliar nossa compreensão dos movimentos políticos e nossa readequação de hábitos, tem muita relação com as ocupações. O mesmo vale para a memória de Marighella e demais mortos e desaparecidos durante o regime militar.