terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Nocivo Shomon: na polifonia da revolução

por João de Carvalho


No sábado do dia 7 de dezembro, será realizado o 3º Londrina RAPFest. Este evento vem quase como um contrapeso do que foi o show do Criolo em Londrina. Apesar de inesquecível – o show do Criolo é realmente de tirar o fôlego – este evento amargou uma certa “incoerência” ao cobrar 50 reais (com área vip por 80!!!) em um show de rap.

Neste show, DJ Dandan levou um papo com a plateia (heterogênea!) lembrando que já estivera em Londrina há 15 anos atrás, ministrando uma oficina de hip-hop. Ainda agradeceu a plateia, divulgou a banquinha de produtos do grupo (um dado importante deste novo panorama de produção cultural), e concluiu dizendo que era a comunidade quem era responsável pelo rap local. Frisando, enfim, a necessidade do apoio à cena do hip-hop da cidade.

O argumento central deste texto é enfatizar, a todos aqueles que foram no show do Criolo, a importância de se ir ao evento que irá ocorrer neste sábado.

Fato é que o povo da “A Firma Ativa” - que tem o Thales UZI, um dos articuladores mais importantes da cena do rap londrinense - está realizando um evento com até mais atrações (e com mais de artistas locais!) só por 15 reais. O evento promete ser uma celebração “mais de raiz”. Em outras palavras, muito mais hip-hop, menos classe média. É o que promete, tendo em vista que a principal atração deste 3º FestRap é justamente a polêmica figura de Nocivo Shomon.

O argumento central deste texto é enfatizar, a todos aqueles que foram no show do Criolo, a importância de se ir ao evento que irá ocorrer neste sábado. Para isso, penso que seria legal começar sondando o conceito de polifonia de Bakhtin, e como este princípio está presente na cultura hip-hop. E, sem desejar fomentar as desavenças do movimento, quero me valer do exemplo do conflito entre os rap's “Ooorra” e “A Rua é Quem?”, respectivamente do Emicida e do Nocivo Shomon, para evidenciar a complexidade deste ice-berg com o qual o Titanic da classe média colidiu.

Polifonia – (se estiver sem tempo, pula essa parte, outra hora vc volta e lê)


Ao se debruçar sobre a obra de Dostoiévski, Mikhail Bakhtin acaba elaborando o conceito de polifonia aplicada ao gênero de romance criado por seu conterrâneo. Bakhtin percebe que nos romances de Dostoiévski os personagens possuem vozes discordantes e contraditórias. No romance polifônico existem no mínimo dois heróis (PIRES, 2010. pg.70), que lutam por pontos de vista e juízos de valor distintos.

O gênero polifônico se contrapõe ao monofônico (onde uma voz domina as outras vozes) e retrata os conflitos dos embates sociais, sempre de maneira dialógica. Segundo Schnaideman (2005, p. 15), no pensamento de Bakhtin, a importância da multiplicidade de vozes é uma afirmação democrática e antiautoritária.

A polifonia, e toda a noção de dialogismo, funciona no rap de maneira profundamente ligada à sua perspectiva política. Assumir as contradições, as múltiplas vozes e múltiplos pontos de vista, é uma postura de grande coerência ideológica e estética dos artistas do movimento hip-hop.

Muitas das ideias de Bakthin já foram utilizadas para explicar e analisar a cultura hip hop. Dialogismo, intertextualidade, interdiscurssividade e polifonia são conceitos corriqueiros na literatura que busca dar luz a esta linguagem de resistência cultural das ruas. Nas palavras de Rociclei Silva (2011, p. 52), “O hip hop se caracteriza por sua diversidade de vozes e linguagens que se chocam constituindo uma verdadeira arena de conflitos, mas que nenhuma se sobrepõe à outra.”.

O grafite, o break e o rap são as principais frentes de combate artísticas do movimento. Mas não podemos esquecer que o movimento também abrange a moda, as gírias, o gestual corporal e, mais recentemente, a criação de uma literatura (escrita) local, a militância e organização em espaços virtuais (através de blog's, sites, e canais de distribuição de música), a criação de experiências em vídeo (não só através da ocupação de “espaços públicos” de informação, com programas em grandes emissoras como a TV Cultura e a MTV, mas também através da produção independente de video-clipes e “vídeos documentários” sobre a movimentação da cena) e a organização dos sempre tradicionais bailes de rap, onde os agentes produtores dessa cultura são ao mesmo tempo público e artistas.

Só o rap já possui em si duas frentes interdependentes de atuação que, como o próprio nome já faz referência, se relacionam aos aspectos rítmicos e poéticos do discurso dessa linguagem cancional. Em outras palavras, temos nas funções de DJ (o tocador de discos) e MC (o mestre de cerimônias) um constante diálogo em que os atores desenvolvem não uma única ideia, mas suas várias ideias, associações e pontos de vista sobre determinado tema.

É muito comum existirem coletivos de rap, grupos compostos por dois ou mais MC's, que dividem a batida para exporem seus relatos. Os Racionais MC's, por exemplo, que constituem o grupo de maior e mais duradoura visibilidade do cenário do rap nacional, é composto por Mano Brown, Ice Blue e Edy Rock nos vocais e KL Jay responsável pelos toca discos. Isso, associado à uma postura frente às mídias, à imprensa e ao público, dilui a ideia de super star ou de ícone pop, ao contrário, torna horizontal a relação de poder e valor de cada um dos membros.

A polifonia, e toda a noção de dialogismo, funciona no rap de maneira profundamente ligada à sua perspectiva política. Assumir as contradições, as múltiplas vozes e múltiplos pontos de vista, é uma postura de grande coerência ideológica e estética dos artistas do movimento hip-hop.

As Vozes

Como eu disse antes, minha mais sincera intenção não é aumentar o clima de “treta” dentro do hip-hop, mas, partir de uma reflexão atenta sobre um dos conflitos de maior evidência dentro do movimento. Resumidamente, pra quem está chegando agora neste debate, existe uma forte resistência à “popularização” (talvez devêssemos chamar de “classemediatização”) do rap atual. Esta resistência vem principalmente dos produtores (MC's e DJ) do rap undergroaund, mas não só, é comum também vermos esta mesma postura em acadêmicos estudiosos – ou simplesmente apreciadores – do rap. Para quem já estava envolvido com o hip-hop desde antes destes 5 ou 6 últimos anos, esta nova onda do rap parece só mais um modismo, que desvirtua a natureza combativa e de contracultura proposta pelo movimento. Existe até um apelido pejorativo dado a esta “nova cara” do movimento: “rap modinha”.



Talvez o exemplo mais bem acabado que este conflito gerou esteja na “treta” entre o Emicida e o Nocivo Shomon. Não cabe aqui empreender uma busca para averiguar quem começou desrespeitando quem – até mesmo porque os insultos são básicos dentro dos conflitos de freestyle, do qual ambos participaram diversas vezes. Esta querela lembra em muito a que aconteceu entre Wilson Batista e Noel Rosa, onde Wilson era o “ideal de malandro” e Noel era um branquinho estudante de medicina. Até mesmo a fase de afirmação nacional que o samba vivia durante aquele período é comparável à atual fase do rap, que vem – definitivamente – se consolidando dentro da tradição da canção brasileira. Assim como o sambista, na época de Noel, sabia que estava lidando com um monumento cultural de extremo valor, e que, não sendo invenção sua, ele deveria ter responsabilidade por esta cultura que floresceu à margem da sociedade, o rapper de hoje sabe o legado que as primeiras gerações do hip-hop nacional lutaram para construir, e pesa sob seus passos a tensão de qual caminho seguir.

Mas qual seria exatamente esta crítica feita ao “rap modinha”?

É importante que pensemos as canções escolhidas para esta breve análise, como prismas pelo qual vislumbraremos a polifonia do hip-hop. Um raio-X – localizado – do movimento. E, em virtude deste objetivo, é fundamental comentarmos também sobre outras obras e outros artistas.

Bem, o Emicida lançou em 2009 sua primeira mixtape intitulada “Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe...”. A última faixa deste trabalho é a canção – já disse em post anterior que pra mim rap é canção - “Ooorra...”, em que o MC se defende de ataques que sofria. Este rap não é uma “diss”, como é chamada uma obra de discórdia e afronta endereçada à um artista ou grupo de pessoas em específico. Ou seja, por mais que tenhamos a tentação de escutar este rap como sendo endereçado ao Nocivo Shomon, que explicitamente a rebateu com “A rua é quem?”, devemos ter em mente que se trata de uma obra de afirmação do artista frente à um padrão de críticas que ele vinha – e vem – sofrendo.

Mas qual seria exatamente esta crítica feita ao “rap modinha”? Tudo começa com a afirmação que a turma do Emicida (com o Projota, Kamau, Rashid e outros) tomaram para si como slogan: “a rua é nóis”. Existem muitas culturas dentro do hip-hop. Só para citar um exemplo significativo desta “divisão”, existe o grafite – que já vem sendo legitimado, dentre o restante da sociedade, como uma importante manifestação artística – mas existe também a pichação – que ainda é vista como puro vandalismo. É a polifonia do movimento. É isso que faz com que ele não se cristalize. Bem, voltando às críticas ao “rap modinha”, existem ataques de ordem pessoal que pretendem deslegitimar os artistas mencionados como justos representantes da voz da periferia.



É neste sentido que o texto do Emicida será desenvolvido, buscando legitimar sua integração dentro da realidade da periferia, demonstrar quais os motivos que unem seu grupo (sua panela, segundo os que criticam), e ainda – principalmente – argumentar contra a clássica afronta do “se vendeu”. O primeiro fato que Emicida se reporta para legitimar sua voz como representante de um contexto socialmente carente é sua história familiar, em que seu pai morreu quando ele ainda era criança, em decorrência do alcoolismo. Esse fato aparece também em outras canções, como por exemplo em “Crisântemo”, uma verdadeira obra prima que merece um post só para analisá-la. A primeira estrofe é dedicada somente a este fato, e Emicida o utiliza como um aceno para chamar a atenção dos “muleques” que não respeitam os pais:

“Vendo os muleques ai, com pai mãe do lado e nem respeita
Deviam ser por um dia o que eu sou a vinte anos
Pra ve se 'cêis ia' tá na de trocar os coroa pelos manos”

Somente ao final da obra é que surgem os versos que parecem endereçados ao Nocivo Shomon:

“E o justo, então antes de criticar quem 'cê' vê trampar
Cala boca e pensa, quantas história 'cê' tem pra contar
Falar que ao dizer ''a rua é nóiz'' pago de dono da rua
Desculpa, eu vivo isso e a incerteza é sua
Se você não se sente dono dela, xiu não fode!
E antes de escrever um rap, me liga e pergunta se pode.”

Utilizando um pensamento do José Miguel Wisnik, eu diria que o Nocivo é mais cívico, enquanto o Emicida é mais malandro.

Vamos deixar um pouco o exemplo do Emicida e escutar “A Rua é Quem”, do Nocivo, que está presente em seu primeiro disco intitulado “Assim que eu sigo”, lançada também em 2009. Diferente da “estratégia” do Emicida, de contar sua história para legitimar sua atuação dentro do rap, Shomon parte para a ofensiva. Com uma rápida passagem pela sua vida privada, citando suas filhas, Nocivo se apoia muito mais em criticar a postura do outro rapper do que de construir uma “defesa” sua.



São muitas frases de efeito. Muito do clima de disputa de MC's, o lance de ridicularizar o adversário com tiradas e ofensas, está presente em A Rua é Quem. A crítica mais constante, que aparece sob várias formas durante a letra, é a de que Emicida mente sobre sua vida, e que as histórias são falsas para agradar e vender. Chega a ser engraçado para quem é de fora do rap ver uma questão dessa sendo tratada com tanta paixão, isso porque a poesia é livre para forjar a realidade que quiser. Pessoa já dizia que o poeta é um fingidor, e o Leminsk dizia que o primeiro personagem que um escritor cria é ele mesmo. Mas, dentro do hip-hop, esta coerência entre o dizer e o fazer é algo importante sim, e não devemos de forma alguma menosprezar este fato.

Acontece que muito mais revelador do que as letras, pra mim, é o próprio som. Enquanto a base do Emicida tem um balanço mais leve, ocasionado pelo ataque do grave (da bateria eletrônica) no contra do segundo tempo, a base do Nocivo é mais reta, mais pesada, pois cai sempre nos tempos fortes. Isso é um dado que parece muito sutil mas que na verdade determina muito do caráter geral que estas duas canções assumem. A poética do Nocivo é sempre mais direta, mais agressiva, mais máscula, enquanto a do Emicida é mais sutil, mais feminina. Utilizando um pensamento do José Miguel Wisnik, eu diria que o Nocivo é mais cívico, enquanto o Emicida é mais malandro.

Nocivo está cada vez mais engajado dentro do espaço que ele reivindicou – fora da grande mídia – e Emicida está com um poder de abrir fronteiras cada vez mais sólido.

Isso está presente também no “flow” de cada um. Os versos do Emicida são bem mais assimétricos, o que lhe garante uma maior variedade de fraseado e uma proximidade maior com a fala, enquanto o Nocivo constrói uma estrutura poética feita basicamente de dísticos razoávelmente simétricos. Em termos da Semiótica da Canção, poderíamos dizer que o Emicida preza pela figurativização enquanto o Nocivo pela tematização, ou seja, o Emicida parece realmente estar falando de si e o Shomon enumerando os problemas do adverssário.

Por um lado o “beat” do Emicida tem mais variação de textura – no refrão entra uma guitarra, que muda consideravelmente a atmosfera – garantindo-lhe uma maior variedade sonora, por outro, o som do Shomom é muito mais monótono – até o groove que ele recortou para fazer de base só tem um acorde, de Mi menor, que não se altera até o final do refrão. Acontece que dentro dessa monotonia que o Shomon cria, o final se torna surpreendente. O fragmento que se repete como base é libertado de seu ciclo maquínico no final da música – nos 5:05 – e coincide com o final da frase “ser fudido não é orgulho pra ninguém não, mano, orgulho é nóis sair da lama, vamo evoluir, vamo pensar grande, porque enquanto nóis pensar pequeno nóis não vai conquistar nada de grandioso...”.

Vale desvendar um pouco ainda o flow do Nocivo. Reparem que durante a primeira estrofe sempre rolam rimas nos finais de duas em duas frases. Mas acontece uma rima de aproveitamento antes de se passar para o próximo dístico. Acontece um esquema mais ou menos assim:

----------a
----------a
----a-----b
-----------b
----b-----c
----------c
----c-----d
----------d
(e assim por diante)

Vejam:

“A verdade tá de volta e idiota não vai conter
Bico que se abala é uma bala pra quem se cala bater
Não vim aqui dizer o que a massa deseja ouvir
Vim pra fazer império de pela saco cair
E ver os rato fugir e abandonar o navio
Cansei de festa lotada pra ouvir rap vazio
Meu desafio não é competição de MC
É lutar a cada dia pra ver minhas filha sorrir
Na sede de demolir canta rima repetida
Tu conta muita história pra quem tem tão pouca vida
Sempre a mesma que ideia que só você sofreu
Eu lutei muito pelo rap pra tu dizer que ele é teu
Aí fudeu, os clone no microfone é foda
No palco manda mentira os puto grita e vira moda
Uns cantam por amor outros só pra fazer nome
Treta é botar muleque pra fazer papel de homem
Inevitável travar guerra nessa terra de ateus
Pra calar falso profeta que pensa que virou Deus
Mando o barulho do bagulho eu também sei
Menino tu não é do morro e nunca vai virar rei
Cuidado com o que escreve, deve ter mais cautela
Grita que é da rua, nunca será a favela
Nocivo atropela martela os pela que amarela na cena
Teu cache é pesado mas teu rap é peso pena.”

Bem, as duas canções são bem interessantes. A do Emicida tem a vantagem de conseguir viver sem a do Nocivo, mas nem por isso a deste é inferior. Devemos lembrar, ainda, que estas obras foram compostas em 2009, e muita água rolou de lá pra cá, inclusive outros sons e clipes de troca de críticas. A postura de ambos artistas se tornou mais madura, e a crítica mutua fez o nível de auto exigência (já que um está pouco se fudendo pro outro) se elevar. Nocivo está cada vez mais engajado dentro do espaço que ele reivindicou – fora da grande mídia – e Emicida está com um poder de abrir fronteiras cada vez mais sólido.


O papel da geração mais velha foi – e está sendo – fundamental para clarear as relações ambíguas do movimento. A participação do Mano Brow no show do Criolo e do Emicida ao vivo e a participação do Edy Rock no Caldeirão do Huck não são pouca coisa, e fizeram muitos repensarem seus preconceitos e perceberem o momento estratégico que o hip-hop vive. O diálogo com os meios de produção mais comerciais elevaram muito a qualidade da produção dos novos trabalhos, e isso é um dos maiores trunfos desta caminhada. A ampliação de público não deve ser entendida somente como “estamos juntando um din”, mas como estamos levando a consciência que desenvolvemos nas quebradas para o centro da cidade! Para mim parece muito sintomático que as passeatas que ocorreram este ano – onde a maior parte eram estudantes da classe média – tenha tido se utilizado de palavras de ideias que estavam presentes no discurso do Criolo na praça Rosveld. Sobre isso eu já escrevi aqui.

A acusação de que o trabalho dos novos MC's está ficando sem conteúdo não procede. Existem muitos conteúdos. E o trabalho de MC's como Kamau e Emicida possui uma enorme importância pois aponta novos rumos para o movimento. Agora, novos rumos é uma expressão complicada, pois não quer dizer de forma alguma que todos devam seguir este caminho, ou que este é o melhor caminho. Quero dizer, com esta expressão, que são caminhos que ainda não foram devidamente trilhados, enquanto o trabalho de base, mais próximo das indignações da periferia, este já tem sido feito desde muito tempo.

Pra mim – e de novo quero frisar que é uma opinião de alguém que chegou não faz muito tempo dentro deste repertório – o grande lance do hip-hop é essa possibilidade de coexistência destas perspectivas. Qualquer uma das duas levadas ao extremo, apagando a voz da outra, é problemática. A perspectiva do Shomon é problemática pois não estabelece um diálogo com o que está além dos muros do preconceito, tornando o gueto cada vez mais gueto, onde o ideal – aqui creio que todos concordariam – seria que não houvesse mais essa divisão (pra não falar guerra) de classes. (“Desigualdade traz tristeza”, Criolo). Já a perspectiva do Emicida é problemática pois facilmente se cai em um mar de ilusões de egos inflados (“Prest'enção que o sucesso em excesso é cão”, Mano Brow), e em uma perigosa confiança na “fé de vencer”.

Por sorte essa rixa que aconteceu parece ter vacinado tanto o Emicida quanto o Shomon. No último trabalho do Emicida ele problematiza esta questão da falsidade que é a vida de shows (em Hoje Cedo), enquanto lemos no facebook (29/11/2013) o Nocivo Shomon dizer:

“e outra fita;por eu criticar as ideias do emicida num som não tira o que ele tambem fez e faz de bom pela cultura em geral,depois dele que uma pa de muleque aprendeu como ser sua própria produtora,a criar suas capinhas de cd a mão e acreditar na música,muito mano conheceu primeiro os free dele pra depois conhecer o rap em geral,e eu criticar as ideias de alguem é diferente de dizer que esse alguém não tem sua importancia,e queira ou não o maluco é bom nos free e tem talento e vontade e ta correndo coisa que muitos ae nunca fizeram que é trampar,eu não gostar da música dele ou das ideias é outra fita,então não tire suas conclusões sem ouvir da minha boca,sou maduro e sei a importancia do papel de cada um!!!!!!critiquei e critico pra ver melhoras na nossa cultura,não critiquei por criticar ou por ódio!!!!!!!!”


Bem, agora falta essa consciência chegar ao público, que, de um modo geral, ainda está alimentando essa rivalidade pelo que ela tem de ruim para o movimento. Mas espero que seja uma questão de tempo, pois seria uma injustiça muito grande para com o talento do Nocivo sempre colocá-lo como o rival do Emicida, além de representar um enfraquecimento do sentimento de coletividade tão caro à revolução que o hip-hop almeja.