João
de Carvalho
Fevereiro
tá quase acabando e só agora faço a primeira postagem do ano.
Antes
fosse um problema de protelação só meu, mas parece-me que por aqui
as coisas só começam mesmo depois do carnaval... mas na real não,
elas sempre se engendram de muito antes. Mas acho que é mesmo no
carnaval, quando os indivíduos trocam as fantasias, que podemos ver
com mais clareza algumas máscaras caírem. Não à toa, fevereiro do
ano passado pintou de laranja nossas almas quando os garis do Rio
ergueram seus punhos. Mas desta vez, sintomaticamente, a mídia
televisiva tem dado muito pouca importância para a greve dos
servidores do Paraná, mas por aqui tá um paranauê danado!
Os
professores foram os que puxaram o coro dos contrários dentro deste
estado que reelegeu seu governador logo no primeiro turno. Na
ocupação da ALEP conseguiram impedir que votassem o “pacotão de
maldades” proposto pelo tucano. Mas não são só os professores
que estão em greve, o estado inteiro está parado, já são mais de
seis greves acontecendo, e na entrevista mais que maquiada dada à
imprensa, o Pinóquio, dando mostra de já ter matado seu grilo
faz tempo, ainda quer dizer que faltou compreensão dos
funcionários... que já havia dado aumento de 60% para a classe...
aaaaah! Beto Richa é o puro creme do migué, mas ainda é só o
chorume que escorre de um saco de lixo no centro de nossa sala.
Bem,
fui chamado para tocar na recepção dos estudantes da UEL, no que
seria o primeiro dia de aula da universidade em que me formei, na
qual ainda estudo, e na qual sou professor. Acordei segunda pela
manhã e fui correndo pra Universidade, durante o caminho fui
cantarolando o repertório que eu havia ensaiado para este dia e
pensando no significado de tudo isso. Cheguei no ginásio de Educação
Física, local da primeira Manifestança (como foi batizado o evento
de recepção promovido pelos professores em greve), com a calça
cheia de carrapicho devido ao mato alto da UEL. Os estudantes (naquele
momento haviam poucos, mas concentrados e comprometidos com a energia
de resistência e transformação que o momento pede) tiveram que se
sentar em tecidos espalhados pelo chão, devido à sujeira que se
encontra a universidade.
Acho
oportuno comentar o repertório que toquei neste dia, como um
registro desse vento que soa por aqui. Peço licença para comentar
sobre meu próprio trabalho, sobre minhas canções, em uma atitude um pouco suspeita. Não estou buscando confetes sobre meu trabalho de
cancionista, vocês podem não gostar, inclusive... normal. Minha
maior intenção é ajudar a roer um pouco algumas fantasias, e quem sabe, poder rasgar um pouco mais do saco de lixo da nossa sala. Para
isso vou fazer um breve comentário sobre cada uma das canções que
toquei, colocar a letra, e alguma referência audiovisual. Me segue
na escuta?
A
primeira canção que toquei chama-se Revolver a Terra, onde
cito a canção Volver à los 17, de Violeta Parra. A canção
da Violeta é uma obra prima que traz a fantástica imagem de uma
revolução que se enreda como uma hera no muro, um musguinho na
pedra! Eu cheguei na UEL quando tinha 17 anos, e cantar essa canção
para jovens que acabam de sair do Ensino Médio foi altamente
simbólico. Foi mágico, como diria o Morin. Não tenho gravação da
minha canção, mas vocês estarão melhor acompanhados com a
Violeta...
Revolver
a Terra (J.C.)
o
sêmen, a semente, a terra, fecundam o tempo
a
noite, sob o solo da lua a luz vai cantando
húmus
humanos, putrefos hermanos
hera
herbarium no muro
musguinho
pedra caminho
minhoca
cavuca o chão
“voltar
aos 17, depois de viver um século,
é
como decifrar signos, sem ser sábio competente
voltar
a ser simplesmente, tão sábio como um segundo
voltar
a sentir prufundo, como um ninhõ frente a deus
isso
é o que sinto, nesse instante profundo
se
vá enredando, enredando, como no muro a hera
e
vá brotando, brotando, como o musguinho na pedra
como
um musguinho na pedra, ai sim, sim, sim!”
são
sempre sorrateiras as vidas que eclodem nos cantos
os
ratos, as baratas, as lesmas, formigam o tempo
húmus
humanos, putrefos hermanos
hera
herbarium no muro
musguinho
pedra caminho
minhoca
cavuca o chão
A
segunda canção que cantei foi uma que chamo de Vai o Vil. Se
trata de mais uma releitura/diálogo, dessa vez com a canção andina
El Condor Passa. A obra original, da qual aproveito a melodia,
trata dos incas trabalhadores escravos na mineração do Peru. Eu
escrevi um poema, que depois se adequou à melodia andina, ao ver, na
época da mobilização sobre a construção da usina de Belo Monte,
a imagem de um índiozinho Guarani-Kaiowá chorando. No fundo o
clamor final, “não é seu filho quem chora”, tem o mesmo germe
do conflito que se instala agora aqui no PR. É claro que a tal
austeridade pesa muito mais nas costas do trabalhador comum do que no
cotidiano da casta palaciana de nosso estado. Também não possuo
gravação desta canção, então deixo vocês com a letra que cantei
e com o áudio da versão de Paul Simon para o tema, também uma
recriação livre.
Vai
o Vil
(J.C.)
vai
o vil
metal
matar
encher
o rio
liquidar
a vida aflita
nos
olhos dos outros
é
refresco
a
partida, afinal
não
é seu filho quem grita,
nem
aos seus, o que é sagrado
não
é seu deus que agora morre
afogado.
A
terceira obra que apresentei foi uma recriação de duas canções, o
negro spiritual No More Auction Block For Me e o 'hino'
Blowing the Wind, de Bob Dylan. Já durante as manifestações
de junho de 2013 eu havia comentado sobre estas canções aqui noblog.
Não
Mais
Não
mais leilão de mim, não mais, nunca mais
não
mais leilão de mim, foram tantos...
Não
mais chicote do capitão do mato,
não
mais acoites, foram tantos...
Não
mais estala em minhas costas a dor
não
mais o sal nos cortes, foram tantos...
Quantas
ruas
Quantas
ruas um homem tem que parar
antes
que o chamem de homem?
Quantos
mares as pombas devem riscar
antes
que pousem e repousem?
Quantas
bombas do céu devem cair
antes
que matem a fome?
A
resposta, meus caros,
ela
vem com o vento
e
faz do tempo seu invento.
Durante
as manifestações que antecederam a Copa do Mundo do ano passado,
passou por mim uma canção que batizei de Dragões. A
imagem de São Jorge – Ogum – é evocada neste canto. Um canto
para manter na memória que “a luta não é brincadeira”, e que
no saco podre que escorre chorume no centro de nossa sala tem muito
mais coisa do que só a excrescência de um único partido. O trecho
inicial da canção, seu refrão, é uma nota de facebook do
também professor da UEL, Betto De La Santa, que quando eu li já li
cantando... essa tem uma gravaçãozinha caseira... escuta só:
Dragões
(Betto de la Santa /
João de Carvalho)
Morreu
um cinegrafista
morreu
um camelô
morreram
operários
na
copa houve luta
e
nós vamos lembrar
será
que o rojão partiu do lado de cá?
quem
rachou a rua em partes o circo quer armar
diabo
é o que separa
raiz
de todo o mal
o
bode, o bonde, a cabra ensanguentada do Cabral
não
me iludo, a luta não é brincadeira
a
morte é coisa séria e certeira
esperança
não se finda quando o corpo cai no chão
mas
não dá pra esperar pra ver o fim da equação
achar
que é exagero
taxar
de vandalismo
é
chamar raso barranco esse baita desse abismo
mas
não vão nos calar
bufando
fogo
na
ação do aço
no
caminho da justiça
ô,
Sâo Jorge o dragão tem
cargo
público e mansão
ô,
São Jorge o dragão tem tem
cassetete
na mão
Depois
da Copa tiveram as eleições, e o clima esquentou geral! Compus
nesse período uma canção chamada “O Que lhe Serve”, e esta foi
a quinta canção que toquei naquela manhã de segunda feira. No meio
eu cito Maiakóvski, na versão de Augusto de Campos. No poema, o
poeta russo coloca o sol em seu lugar. É um poema inspiradíssimo e
inspirador, composto por um sujeito solar e sensível, comprometido
com a educação dos cinco sentidos! Essa eu não tenho registro
nenhum. Mas vou postar a letra... é um rap, se você arriscar ler em
voz alta é capaz de ficar bom ;)
O
que lhe serve? (J.C.)
sim
senhora agora lá fora o sol apavora
embora
a gente que caminha a qualquer hora
juba
de leão que sem sol embolora
sabe
que em frente ao medo, de front ao front,
afronte
e enfrente, uma bica de água fresca
está
sedenta pra nos beijar
a
mente mente o tempo todo
raio
de luz na lente acende o fogo
oásis
se formam a ilusão, é, ela faz parte do jogo
a
rima mina a mina e contamina a lógica
o
lábio da menina linda lendo embaralha a ordem cronológica
febril,
subo mais um monte, o horizonte
ideia
à mil, opressor céu azul de anil
nenhuma
nuvem pra aliviá, sei que vou chegar
vermelho
e
o espelho me diz:
tú
é um aprendiz
aprendiz
de feiticeiro, faceiro, vai
lava
o teu rosto na pia do banheiro
que
só o sangue corando a face anima a vida
mas
cuida do disfarce, acerta o look,
que
tudo é fake, tudo é fase, e a opinião é só uma onda no facebook
livro
das caras a coragem que ladra não morde
as
pedras que rolam
vira
lama, vira terra, vira flor
e
não pensam na sorte.
“Vamos,
poeta,
cantar,
luzir
no
lixo cinza do universo.
Eu
verterei o meu sol
e
você o seu
com
seus versos.
O
muro das sombras,
prisão
das trevas,
desaba
sob o obus
dos
nossos sóis de duas bocas.
Confusão
de poesia e luz,
chamas
por toda a parte.
Se
o sol se cansa
e
a noite lenta
quer
ir pra cama,
marmota
sonolenta,
eu,
de repente,
inflamo
a minha flama
e
o dia fulge novamente.
Brilhar
para sempre,
brilhar
como um farol,
brilhar
com brilho eterno,
Gente
é pra brilhar
que
tudo o mais vá prá o inferno,
este
é o meu slogan
e
o do sol.” (maiakovski)
e
vem a flor fluir no ar, flagrou o flow? fugaz
a
brisa entra, anoiteceu mas não esfriou,
um
clã de gatos no quintal, atrás dos ratos, coisa e tal,
mas
a empreitada não vingou
eu
sei, e você sabe, que a solidão não cabe
num
link que se clica, numa página que se abre
botar
o pé na rua, dar um salve pra lua
vou
na fé que descomplica, explica-me o sabre
e
os perigos das vias, das vidas vadias, das vidas vazias
minhas
sombrias, minhas alegrias,
sei que nunca é tarde
pro
sonho
que
pode ser medonho ou vir sem provocar alarde
a
história não tem fim, nem cabeça ou pé
só
quem sonha acordado tá ligado, né?!
O
olho vê a via láctea, enquanto mama um cafuné
a
viagem é intergaláctica, deu insônia na geral,
bandidagem
tá feliz, por um triz, passou mal
vem
no vento, inventa na janela
e a roupa seca no varal
mas
sossega irmão, que o sono do patrão também é leve
pensamento
lá na frente pra que o padrão se eleve
lua
cheia no poente, o sol já vai surgir
a
vida é linda mas é breve
escreve,
escrevo, escriba não só grafa greve
escolhe
o que escuta e grava aquilo o que lhe serve.
Essa
foi a última canção que compus no ano passado, e a passagem final
faz referência ao clássico poema do Augusto de Campos, Greve, onde
apresento uma espécie de personagem contemporâneo, inspirado no
hip-hop, que não se adéqua aos programas e leituras de uma
“esquerda mais tradicional”. Acontece que o ano se iniciou como
eu relatei no início deste texto, e me vi obrigado a “refazer”
meu jogo de rima (greve, serve), invertendo o sentido que propus com
O Que lhe Serve. O
mote de Passa Reto, Beto Richa elaborei durante a primeira
passeata de repúdio ao pacote proposto por Richa, aqui em Londrina,
enquanto caminhava com meus filhos e escutava buzinadas de carros de
luxo, no centro da cidade.
Passa
Reto, Beto Richa (João de
Carvalho)
É
richa,
se
espicha,
passa
reto,
Beto
Richa!
acha
que o povo não se licha?
capricha
no
pacote do palácio
é
fácil
montar
na motoca e passear relaxa, né?
se
acha! tá louco!
Paraná
vai parar e eu acho pouco!
cê
acha? tô louco!
Paraná
vai para e vai ser pouco!
É
richa,
se
espicha,
passa
reto,
Beto
Richa!
não
joga a educação no lixo
que
nóiz
na
rua é que nem bixo
feroz
pique
montado num elefante, Ganesh, né?
um
flash. tá certo!
Paranauê
no Paraná, eu tô esperto.
vê
se se mexe! tá perto!
Paranauê
no Paraná pra tá liberto.
Ei,
Beto
nada
agora lhe serve
a
não ser a palavra greve!
Depois
dessa canção (foi por causa dela que me chamaram pra tocar na
recepção aos estudantes), apresentei pela primeira vez, ainda lendo
a letra que eu não sabia de cor, a canção Mais
que Mascarado, que
comecei a esboçar durante o carnaval deste ano. E, enquanto nosso
governador passeava em seu recesso, fingindo-se de morto, professores
acampavam na Assembleia Legislativa do Paraná. Outro professor da
UEL, Sílvio
Demétrio, escreveu um texto muito lúcido sobre cavalos e
governantes. Vale a pena ler aqui. A canção é inspirada na versão
da Nina Simone para Sinnerman, e a gravação é provisória
(desafinada e com erros de dicção, inclusive), e contou com um time
composto só por grevistas
(alunos e professores da UEL) para fazer um registro ainda na segunda
do dia 23. Nesse sentido é uma canção de apoio à greve sim, como
foi compartilhada por alguns amigos, mas não só. A questão central
da escravidão vinculada à geografia das cidades não está na pauta
da vez no Paraná. Nem a
regulamentação da mídia. Muito menos uma reinvenção dos nossos
hábitos cotidianos que são insustentáveis. Mas
estão
sim, dentro do saco de lixo do qual escorre o chorume da
vez.
Mais
que Mascarado (J. C.)
Ah
pecador
cuidado
com os cavalos
esses
que só se movem em L
não
são livres
e
trabalham para o rei...
Liberta-te
borboleta
desse
sonhador
confuso...
A
vida passa pelo vidro
comprimido
do seu banco vê o show
e
tudo passa tão ligeiro
passageiro
quando viu trem já chegou
e
tem um trecho do caminho
que
a pessoa ainda tem que ir à pé
nunca
é bom estar sozinho
não
tem jeito a gente vai na fé
só
pensa em chegar em casa
tomar
banho comer algo e relaxar
mas
sabe que à esta altura
relax
mesmo é na cama desmontar
no
outro dia a casca é dura
tem
que encarar a cara feia do patrão
as
distâncias da cidade
são
estratégias pra esconder a escravidão.
Meu
caro, o transporte é caro
caro
para caralho
vampiro
no motor do carro
estaca
colar de alho
tranca
o caminho do pobre que rala
em
frete à TV no sofá da sala.
E
a peregrinação continua
sangrando
no rio
fervendo
no mar
sei
lá...
Cê
sabe, a vida é uma só
cada
um cuida da sua e fechô
todos
dando o seu melhor
e
entupindo com algo mais a sua dor
mais
um dia de trabalho
e
tamo num tabuleiro de xadrez
o
ponteiro tá girando
e
esse jogo necessita lucidez
existem
possibilidades
algumas
nos levam ao bem outras nem pá
mas
a pergunta mais difícil
de
responder é quem sou eu nesse lugar
dessas
peças tão pequenas
não
sou peão não o bispo e nem o rei
eu
tô mais pra um palhaço
que
chegou para chutar a sua lei.
Meu
truta, o transporte é treta
então
vou de bicicleta
nem
casa e nem lambreta
esporte
pique de atleta
tirando
uma onda com a brisa na cara
pedala,
pedala, pedala, não para.
Mas
pro plano tá completo
outros
dados ainda faltam na equação
ninguém
sobe solitário
e
o meu clã é a tormenta do dragão
desses
que apavoram a lua
dos
poetas que habitam a Babilon
é
que no meio dos felizes
tem
sempre um coro que come fora do tom
não
precisa ser vidente
para
ver o que irá acontecer
se
você não rompe o ciclo
uma
hora o ciclo rompe com você
na
tenção o clima é quente
prest'enção
há uma multidão ali na frente
mente
descaradamente
a
lente oficial e ôcê tão crente.
Mano,
o transporte é um cano
apontado
pra sua amada
PM
tá preparada
inspirada
pra dá porrada
cara
cairá a máscara do
cidadão
de bem mais que mascarado.
As duas últimas canções que
cantei na primeira
Manifestança são canções
tradicionais, o que permitiu
arriscarmos um coro que ficou bonito.
A penúltima eu conheci com meu amigo/aluno Rafael de Barros, pois
faz parte de seu espetáculo de palhaço chamado El General. Se trata
de Bella Ciao,
uma canção italiana cantada no mundo inteiro como um hino contra o
fascismo. Na Grécia cantaram esta canção quando o SYRIZA,
partido de extrema esquerda que ganhou a disputa presidencial, uma
resposta ao desgoverno que tentou vir com esse papo de austeridade
pra cima dos gregos. A canção, na
versão que ficou conhecia durante a Segunda Guerra Mundial,
conta de um guerrilheiro se despedindo de sua mulher, disposto a
sacrificar a própria vida para garantir a liberdade dos seus.
Bella Ciao
Una mattina mi son svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son svegliato,
ed ho trovato l'invasor.
O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.
E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.
E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.
E le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»
«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano,
morto per la libertà!
E a pra terminar, depois deste
passeio por cantos revolucionários do mundo, chamei meu mano Caetano
Zaganini, do grupo Osso e Dente (também composto por ex. estudantes
da UEL), pra cantar comigo uma cançãozinha infantil. Peixinhos do
Mar. Lembrei do texto do Betto de La Santa onde ele coloca esta
situação do Paraná em perspectiva global e resgata o significado
da expressão “paraná”, que seria braço de mar. Faz um tempo já
que entoo esta canção como uma espécie de hino pirata com meus
filhos.
Peixinhos
do Mar
Quem
te ensinou a nadar?
Quem
te ensinou a nadar?
Quem
te ensinou a nadar foi, foi, marinheiro,
foi
os peixinhos do mar.
Ei
nóiz,
que
viemos de outras terras, de outro mar
temos
pólvora, chumbo e bala
nós
queremos é guerrear!
Bem, depois da minha participação
teve uma super apresentação do grupo Osso e Dente, com canções
extremamente alinhadas com o presente momento. O Caetano tá em
Curitiba acampado de novo e a greve continua! As atividades continuam
intensas aqui também, e domingo terá uma edição especial do
Quizomba em apoio às greves do estado. Que
a consciência coletiva possa se dar conta do tamanho do saco de lixo
que temos em nossa sala, e que nos livremos dele logo, pois o
ponteiro tá girando e só limpar o chorume não resolverá nosso
problema.